Não farei um post para alguém. Faço posts e poemas ou textos para o que estou sentindo no momento. Se você me conhece bem, sabe se estou falando para você ou não. O resto, se a carapuça serviu...
A morte de um Anjo
(*Dedicado a R.B.)
Andava um dia pelo campo, pasto verde, vento no rosto, liberdade, coração vazio. Encontrou um anjo de uma forma desigual. Repentina. Um anjo diferente. Negro. Educado.Inteligente. Tinha asas, mas curtas. Tinha coração, mas pequeno.Um abraço quente. Nada disso viu de imediato. Viu a aura, pensou-o bom.Mas um medo a percorreu.Soltou-se dele e tentou correr.Fugir pra longe daquilo que dava medo. Idas e vindas.Luta inglória de sentimentos, pensamentos. Consciência. Mensagens.Conversas.Mentiras.Equívocos. E tantos perdões. Tantas pistas do fracasso.Nada percebia. Amou-o. De forma livre e descabida.
Foi louca. Insana. Irresponsável. Foi longe por ele e com ele.Amou a fantasia, o sentimento. Amou como ele a fazia sentir. Amou até o jeito dele sorrir. Brincavam o tempo todo. Ajudavam-se. Mundo fechado. Sem redes. Sem muitos amigos. Só os dois se bastavam.Era amor, ela dizia. Era amor, ele dizia. Completavam-se.Em tudo.Ideias.Pensamentos.Sinergia. Palavras sinônimas. Sentimentos contrários. Paradoxo.
Repentinamente tudo mudara. Vidas separadas.O anjo mentira. Não era amor. Não era paixão. Não era nada... Mas era um nada forte. Forte a ponto de machucar. Rasgou seu coração de um golpe só. Propositadamente. Calculadamente. Friamente... segurou-o nas mãos. Aquele coração que era dela. O coração dado a ele. Arrancou-o do peito. Sabia a dor que causava? Tanta dor que ela caiu ao chão.Perdeu a fala. Perdeu o ar. Perdeu o chão. E ficou ali...deitada no mesmo campo onde o encontrara...o coração ao lado, onde ele jogara, sangrando e pulsando fracamente. Arriscou um olhar e viu ele se afastar. Sem olhar pra trás. Sem uma lágrima. Nada.O céu brilhava azul-marinho num dia que era noite. O ar era frio. Sepultral. Levantou-se vagarosamente. Pegou de volta o coração caído ao chão. Colocou-o de volta. Suas mãos manchadas de sangue tremiam.Os olhos agora estavam secos. Frios tanto quanto os dele. Chamou-o. Gritou até que ele a ouvisse. Voltou para falar com ela. Chegou perto e olhou para baixo. Não deu tempo de ver nada. Sentiu apenas a lâmina entrando em seu peito. Sentia agora a dor que nela causara. Sentia o sangue escorrendo. E foi desaparecendo. Anjos não morrem. Eles partem. E ele assim partiu. Quem sabe aprenderia um dia a cuidar de corações. Mas isso não mais importava. Apenas era importante mesmo que simbolicamente, para ela, o anjo morresse. E para ela, ele morrera. E com ele os sonhos que fizeram. Os planos e desejos. O término de algo que nem teve começo. O falso amor que parecia verdadeiro. E ela tentara. Mas não foi boa o bastante para mostra-lhe o amor.Não sabia que um coração pequeno não tinha sentimentos. Então, em lágrimas, ajoelhou-se e orou:
Peço à Santa
Peço aos Anjos
Imploro, na verdade
Dêem-me um coração de gelo
De gelo todo
daquele que nunca vira água
que nunca vira mágoa
que nunca vira dor
um coração de gelo
e a vida
nunca mais dolorida
E seguiu seu caminho.
Autoria: Jô Angel
Autoria: Jô Angel
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